Pedagogia Freireana e Educação Inclusiva

Pedagogia Freireana e Educação Inclusiva

PEDAGOGIA FREIREANA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

Repensando os saberes necessários à prática docente

Introdução Freireana

A Pedagogia Freireana é um trabalho de estudo de cunho bibliográfico sobre a relação entre a visão e proposições da educação inclusiva e o pensamento de Paulo Freire referente a Educação Inclusiva.

Tem o propósito de apontar aproximações entre a pedagogia freireana e a educação inclusiva, no âmbito das condutas necessárias à prática docente no convívio do quotidiano educativo. Visa contribuir para o delineamento das características desse educador inclusivo, tomando por base alguns teóricos da educação inclusiva, bem como os saberes apontados por Freire como necessários à prática docente.

Busca facilitar a aproximação de educadores de uma forma geral a essas idéias e práticas, de modo a reafirmar a importância do papel da formação do educador e para fortalecer a visão de que a educação deve ser de fato inclusiva.

As relações interpessoais mediam a realidade social. Devemos incentivar e cultivar o respeito à diversidade desde cedo através da convivência na escola.

 

Referencial Teórico

É importante de pronto ressaltar neste estudo, a importância da compreensão do conceito de Inclusão como sendo a capacidade de entender e reconhecer o outro através da vantagem do compartilhamento e convivência com pessoas diferentes de nós. (MANTOAN, 2002).

De acordo com Sassaki (2005) o paradigma da Inclusão surge através de uma organização não-governamental criada por pessoas com deficiência em 1981, a Disabled Peoples’ International (DPI), desde então vários documentos foram redigidos sobre o tema.  Mas, apenas no início dos anos 90 é que esse paradigma ganha força no âmbito da educação.

A Educação Inclusiva de acordo com a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) afirma que pessoas com necessidades educacionais especiais (PNEE) são todas as crianças, jovens e adultos cujas necessidades decorrem de sua capacidade  ou  de  suas  dificuldades  de  aprendizagens.  Pelo  texto  desse documento diversos grupos de crianças experienciam variadas dificuldades de aprendizagem e têm, portanto, necessidades educacionais especiais em algum momento de sua escolarização.  O direito à educação é independente das diferenças individuais.

A Declaração (UNESCO, 1994) propõe recordar “que o sistema educativo deve assegurar a educação para as pessoas com deficiência como parte integrante” (p.1). Ela vincula a educação a este sistema, reconhecendo-a como um direito fundamental. A Declaração enfatiza que devemos oferecer a todas as pessoas oportunidades de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem no ensino regular. Isto requer que respeitemos suas características, interesses, capacidades e necessidades, adequando a pedagogia para centrar-se na criança.

Esta abordagem não se limita apenas à macro-esfera educacional. Ela foca principalmente nas influências das relações existentes dentro do menor e mais importante cenário: a sala de aula. Neste espaço, os educadores efetivam e tornam tangíveis as práticas inclusivas. Todas as ações pedagógicas desenvolvidas aí devem emergir e se legitimar a partir da postura da prática docente que os educadores atuantes assumem.

Acesso à Educação

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394 de dezembro de 1996, afirma que é direito de Todos o acesso à educação, garantindo ainda que esse processo deva ser mediado por profissionais com especialização adequada, formados inicialmente e/ ou capacitados para atuar com e fazer integrar esses alunos nas classes comuns. (p.3)

Essa afirmação do direito social à Educação vem corroborar o que indica a Constituição  Federal  Brasileira  de  1988  em  seu  Título  III,  DO  DIREITO  À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR, artigo 4º, inciso III (1998, p.41), que diz:  “Educandos  com  necessidades  especiais  são  aqueles  que  possuem necessidades incomuns e, portanto, diferentes dos outros alunos no que diz respeito às aprendizagens curriculares compatíveis com suas idades”.

Segundo  esse  documento,  estes  educandos  precisam  de recursos metodológicos e pedagógicos apropriados.  Mas, estes recursos devem ser aplicados  não  necessariamente  em  um  modelo  segregacional,  e  sim, preferivelmente, em sala da rede regular de ensino. Esse direito à educação, consta ainda no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069 de 1990), onde é tratado como sendo um direito fundamental de todos os sujeitos. (2007, p.47).

A partir dessas afirmações documentais compreende-se como a Educação Inclusiva é algo mais amplo e fundamental para a construção do sujeito.  Que  esta  não  seja  apenas  compreendida  como  processo  de desenvolvimento da intelectualidade, mas, como uma postura política e de atuação cidadã e, sobretudo na relevância do papel da escola como espaço de oportunidades para Todos.

Metodologia da Pedagogia Freireana

A estratégia adotada para o desenvolvimento do estudo, foi a realização de uma    revisão  da  literatura  disponível  sobre  a  relação  da  Inclusão  e  o pensamento de Freire, ou seja, a estratégia de pesquisa privilegiada em todo o trabalho  tem  sido  a  investigação,  à  luz  da  Educação  Inclusiva,  da  obra Pedagogia  da  Autonomia  de  Paulo  Freire.  A  linha  de  ação  adota  o mapeamento dos conceitos-chave, presentes na obra, sendo este centrado em apontar qualidades, características e saberes necessários aos educadores que atuam na educação inclusiva.

Destarte,  a  construção  de  registros,  resumos,  fichamentos,  esquemas  e quadros  foi  de  grande  relevância  para  realização  do  estudo  em  questão, portanto,  apresenta-se  nesse  estudo  a  intenção  de  demonstrar  as convergências  entre  os  pensamentos,  apoiar-se  em  resumos  das  obras analisadas em diálogo com o pensamento de Freire.

Tendo por esta análise, a pretensão de evidenciar as semelhanças encontradas em ambos os campos da pesquisa,  encontramos  como  melhor  aporte  para  embasar  este  estudo  os documentos construídos ao longo da história já referidos neste trabalho de modo a expor tais semelhanças através da composição de um quadro sintético dos pensamentos sobre o perfil do educador apontados por ambos.

Análise dos Dados e Apresentação dos Resultados na Pedagogia Freireana

Freire (2003) apresenta a perspectiva do educador progressista. Ele aponta o educador como um ser dialógico e o insere nas relações existentes dentro e fora do âmbito escolar.

Freire (2003) destaca exigências ao educador progressista. Enfatiza três pilares, priorizando formação sólida como base para prática reflexiva e comprometida na educação. Ressalta postura clara do educador.

Paulo Freire estabelece critérios para a atuação do educador e defende que a formação deste deve se ligar intimamente à sua relação com a prática. Isto corrobora o que já indicamos no capítulo 2 sobre a importância da convivência coletiva com todas as pessoas. Através da convivência e da busca de relação com esse outro, o educador forma e se forma simultaneamente. Ele se constitui como educador ao mesmo tempo em que educa. No campo da Educação Inclusiva, o pensamento se alinha estreitamente com o que afirmam os teóricos.

 

Para  Mantoan  (2002;2006)  a  relevância  das  atitudes  inclusivas  estão intimamente  ligadas  as  construções  relacionais  formadas  entre  os  sujeitos desde cedo, e este sujeito que convive com a diferença a compreende de uma forma natural.

Cabendo sim, ao papel do professor acolher verdadeiramente a turma Toda. Para ela, conviver com a diferença é de incluir, entenda-se aqui por incluir o processo através do qual nenhum aluno deve ficar de fora do ensino  regular. Pois  a  Inclusão  causa  uma  mudança  de  perspectiva educacional ajudando Todos os alunos.

 

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