Livro: Um Tesouro a Descobrir – Jacques Delors

Caricatura de Jacques Delors

Um Tesouro a Descobrir Jacques Delors, 

Um Tesouro a Descobrir Jacques Delors em ,  livro completo muito solicitado nos concursos para professora de Educação Infantil.

 Capítulo 1. Da comunidade de base à sociedade mundial

  • A interdependência planetária e a globalização são os principais fenô­menos de nosso tempo; eles já estão em marcha e vão deixar sua marca profunda no século XXI. Desde já, eles exigem uma reflexão abrangente – para além das áreas da educação e da cultura – sobre o papel e as estruturas das organizações internacionais.
  • O principal risco consiste em estabelecer uma ruptura entre uma minoria apta a movimentar­ se neste novo mundo em formação e uma maioria que viesse a sentir-­se à mercê dos acontecimentos, incapaz de exercer influência sobre o destino coletivo, além do risco de assistirmos a um recuo democrático e a múltiplas revoltas.
  • Devemos deixar ­nos orientar pela utopia que faz convergir o mundo para uma maior compreensão mútua, acompanhada por um sentido mais arraigado de responsabilidade e mais solidariedade, na aceitação de nossas diferenças de natureza espiritual e cultural. Ao permitir que todos tenham acesso ao conhecimento, a educação desempenha um papel bem concreto na plena realização desta tarefa universal: ajudar a compreender o mundo e o outro, a fim de que cada um adquira maior compreensão de si mesmo.

Capítulo 2. Da coesão social à participação democrática

  • A política educacional deve ser suficientemente diversificada e conce­bida de tal modo que não se torne um fator suplementar de exclusão social.
  • A socialização de cada indivíduo e o desenvolvimento pessoal não devem ser excludentes; torna-­se necessário promover um sistema que se empenhe em combinar as vantagens da integração com o respeito pelos direitos individuais.
  • A educação não pode, por si só, resolver os problemas desencadeados pela ruptura (quando se verifica tal ocorrência) do vínculo social; no entanto existe a expectativa de que ela contribua para o desenvol­vimento do desejo de conviver, elemento básico da coesão social e da identidade nacional.
  • Essa tarefa só pode ser bem­-sucedida se a escola vier a fornecer sua contribuição para a promoção e integração dos grupos minoritá­rios, mobilizando os próprios interessados em relação ao respeito por sua personalidade.
  • A democracia parece progredir, segundo formas e etapas adaptadas à situação de cada país; no entanto sua vitalidade encontra-­se constante­mente ameaçada. Na escola é que deve começar a educação para uma cidadania consciente e ativa.
  • A participação democrática depende, de algum modo, das virtudes cívicas; no entanto ela pode ser incentivada ou estimulada pela edu­cação e por práticas adaptadas à sociedade da informação. Trata­-se de fornecer referências e grades de leitura a fim de fortalecer as habilidades de compre­ensão e discernimento.
  • Compete à educação garantir às crianças e aos adultos as bases culturais que lhes permitam decifrar, na medida do possível, as mudanças em curso; tal postura supõe a elaboração de uma triagem no volume de informações, a fim de facilitar sua interpretação e de situar os aconte­cimentos em uma história geral.
  • Os sistemas educacionais devem fornecer respostas para os múltiplos desafios da sociedade da informação, na perspectiva de um enriqueci­mento contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às exigências do nosso tempo.

Capítulo 3. Do crescimento econômico ao desenvolvimento humano

  • Prosseguimento da reflexão empreendida em torno da ideia de um novo modelo de desenvolvimento mais respeitador da natureza e dos ritmos da pessoa.
  • Ênfase ao lugar do trabalho na sociedade do futuro considerando as incidências do progresso tecnológico e as mudanças nos estilos de vida, sejam individuais ou coletivos.
  • Avaliação mais exaustiva do desenvolvimento humano, levando em consideração todas as suas dimensões, segundo o espírito dos trabalhos do PNUD.
  • Estabelecimento de novas relações entre política educacional e política de desenvolvimento a fim de fortalecer as bases do saber e dos savoir­­-faire nos países em tela: incentivo à iniciativa, ao trabalho em equipe, às sinergias realistas, a partir dos recursos locais, assim como ao trabalho por conta própria e ao empreendedorismo.
  • Enriquecimento e generalização indispensáveis da educação básica (importância da Declaração de Jomtien).

Capítulo 4. Os quatro pilares da educação

  • A educação ao longo da vida baseia-­se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
  • Aprender a conhecer , combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiar­-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.
  • Aprender a fazer , a fim de adquirir não só uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.
  • Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e adolescentes, seja espontanea­mente na sequência do contexto local ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
  • Aprender a conviver , desenvolvendo a compreensão do outro e a percep­ção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar­-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
  • Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de auto­nomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa finalidade,a educação deve levar em consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-­se.
  • • No momento em que os sistemas educacionais formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento das outras formas de aprendizagem, é mister conceber a educação como um todo. Essa perspectiva deve no futuro inspirar e orientar as reformas educacionais, seja na elaboração dos programas ou na definição de novas políticas pedagógicas.

Capítulo 5. A educação ao longo da vida

  • O conceito de educação ao longo da vida é a chave que abre as portas do século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente. Além disso, converge em direção a outro conceito, proposto com frequência: o da “sociedade educativa” na qual tudo pode ser uma oportunidade para aprender e desenvolver os talentos.
  • Sob essa nova perspectiva, a educação permanente é concebida como algo que vai muito mais além do que já se pratica, especialmente nos países desenvolvidos, a saber: as iniciativas de atualização, reciclagem e conversão, além da promoção profissional, dos adultos. Ela deve abrir as possibilidades da educação a todos, com vários objetivos: oferecer uma segunda ou terceira oportunidade; dar resposta à sede de conhe­cimento, de beleza ou de superação de si mesmo; ou, ainda, aprimorar e ampliar as formações estritamente associadas às exigências da vida profissional, incluindo as formações práticas.
  • Em suma, a educação ao longo da vida, deve tirar proveito de todas as oportunidades oferecidas pela sociedade.

Capítulo 6. Da educação básica à universidade

  • Uma exigência válida para todos os países, mediante a adaptação a modalidades e conteúdos diferentes: o reforço da educação básica; daí, a ênfase atribuída ao ensino primário e a suas aprendizagens básicas clássicas – ler, escrever, contar –, assim como a possibilidade de se expri­mir em uma linguagem suscetível de facilitar o diálogo e a compreensão.
  • A necessidade – ainda mais forte no futuro – de uma abertura ao uni­verso da ciência, chave para abrir as portas do século XXI e de suas reviravoltas científicas e tecnológicas.
  • Adaptar a educação básica aos contextos particulares, aos países e populações mais desfavorecidos. Partir de dados da vida quotidiana, que oferece oportunidades de compreender os fenômenos naturais, assim como de ter acesso às diferentes formas de sociabilidade.
  • Evocação dos imperativos da alfabetização e da educação básica para os adultos.
  • Privilegiar, em todos os casos, a relação entre professor e aluno; as tecnologias de última geração, por sua vez, devem limitar­-se a apoiar a relação (transmissão, diálogo e confronto) entre o docente e o discente.
  • A educação secundária deve ser repensado nesta perspectiva geral de educação ao longo da vida. O princípio essencial consiste em organizar a diversidade de opções sem que seja fechada a possibilidade de um retorno ulterior ao sistema educacional.
  • Os debates sobre a seletividade e a orientação tornar­se­iam muito mais transparentes se esse princípio fosse plenamente aplicado; nesse caso, todos teriam o sentimento de que, independentemente das opções e dos cursos frequentados na adolescência, nenhuma porta seria fechada no futuro, tampouco a da própria escola. A igualdade de oportunidades adquiriria, então, seu pleno sentido.
  • A universidade deve ocupar o centro do sistema educacional mesmo que, à semelhança do que ocorre em numerosos países, existam outros estabelecimentos de ensino superior.
  • Ela deveria desempenhar estas quatro funções essenciais:
  1. preparação para a pesquisa e para o ensino;
  2. oferta de uma formação, em diferentes áreas, bastante especializada e adaptada às necessidades da vida econômica e social;
  3. abertura a todos para responder aos múltiplos aspectos do que se designa por educação permanente, em sentido lato;
  4. cooperação internacional.
  • Ela deve dispor, também, da possibilidade de se exprimir com toda a independência e responsabilidade acerca de problemas éticos e sociais– como uma espécie de poder intelectual, indispensável para ajudar a sociedade a refletir, compreender e agir.
  • A diversidade da educação secundária e as possibilidades oferecidas pela universidade deveriam fornecer respostas válidas para os desafios da massificação, ao suprimir a obsessão pela via principal e única. Combi­nadas com a generalização da alternância estudo/trabalho, elas deveriam permitir, também, a luta eficaz contra o fracasso escolar.
  • O desenvolvimento da educação ao longo da vida implica o estudo de novas formas de obtenção das certificações que levem em consideração o conjunto das competências adquiridas.

Capítulo 7. Os professores em busca de novas perspectivas

  • Mesmo que a situação psicológica e material dos professores seja muito diferente de acordo com o país abordado, impõe­-se a revalorização de seu status para que a educação ao longo da vida venha a desempenhar a missão central que a Comissão lhe atribui para o progresso de nossas sociedades e para o fortalecimento da compreensão mútua entre os povos. O professor deve ser reconhecido como tal pela sociedade, além de dispor da autoridade necessária e das ferramentas adequadas para exercer sua função.
  • Mas, a educação ao longo da vida implica, diretamente, o conceito de “sociedade educativa”: nesta sociedade, são oferecidas múltiplas oportu­nidades de aprender, tanto na escola quanto na vida econômica, social e cultural. Daí, a necessidade de multiplicar as negociações e as parce­rias com as famílias, o meio econômico, o mundo associativo, os atores da vida cultural etc.
  • Os professores são afetados, também, por esse imperativo de atualização dos conhecimentos e das competências. Sua vida profissional deve ser organizada de tal modo que estejam em condições, até mesmo, sejam obrigados a aprimorar sua arte e a se beneficiar de experiências vividas em diversas esferas da vida econômica, social e cultural. Em geral, tais possibilidades estão previstas nas múltiplas formas de licença para formação ou de ano sabático; essas fórmulas, devidamente adaptadas, devem ser ampliadas a todos os professores.
  • Mesmo que o ofício de professor seja, fundamentalmente, uma atividade solitária, no sentido de que cada professor deve assumir suas próprias responsabilidades e deveres profissionais, o trabalho em equipe é indis­pensável, sobretudo no secundário, para melhorar a qualidade da educação e adaptá­-la melhor às características particulares das aulas ou dos grupos de alunos.
  • O relatório insiste na importância do intercâmbio de professores e das parcerias entre instituições de países diferentes. Tais iniciativas garan­tem um indispensável valor agregado à qualidade da educação, assim como maior abertura a outras culturas, civilizações e experiências; eis o que é confirmado pelas experiências em curso.
  • Todas essas orientações devem ser objeto de diálogo, até mesmo de contratos, com as organizações de professores, passando por cima do caráter puramente corporativista de tais negociações. De fato, as orga­nizações sindicais, além do objetivo de defender os interesses morais e materiais de seus associados, acumularam um capital de experiências; elas dispõem-­se a transmitir esse acervo aos responsáveis pelas decisões políticas.

Capítulo 8. Escolhas na área da educação: o papel do político

  • As opções educacionais são opções de sociedade: em todos os países, elas exigem um amplo debate público, baseado na avaliação rigorosa dos sistemas educacionais. A Comissão convida as autoridades constituí­das a facilitar esse debate, de modo que seja possível chegar a um consenso democrático, que constitui a via mais adequada para o sucesso das estratégias de reforma.
  • A Comissão preconiza a implementação de medidas que permitam associar os diferentes atores sociais às tomadas de decisão em matéria de educação; em seu entender, a descentralização administrativa e a autonomia dos estabelecimentos de ensino podem levar, na maioria dos casos, ao desenvolvimento e à generalização da inovação.
  • Nessa perspectiva é que a Comissão entende reafirmar o papel do polí­tico: incumbe­lhe o dever de apresentar as opções com clareza e de garantir regulamentação geral com as adaptações indispensáveis. De fato, a educação constitui um bem coletivo que não pode ser regulado pelo simples jogo do mercado.
  • Nem por isso a Comissão subestima a importância das condicionantes financeiras e preconiza a implantação de parcerias entre setor público e privado. Para os países em desenvolvimento, o financiamento público da educação básica continua sendo uma prioridade, mas as opções adotadas não devem desestabilizar a coerência do sistema no seu conjunto, nem prejudicar os outros níveis de ensino.
  • Por outro lado, é indispensável que as estruturas de financiamento sejam reexaminadas à luz do princípio segundo o qual a educação deve desenvolver-­se ao longo da vida dos indivíduos. Neste sentido, a Comis­são julga que a proposta de um crédito ­tempo para a educação – tal como ela é formulada, sumariamente, neste relatório – merece ser debatida e aprofundada.
  • O desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comuni­cação deve suscitar uma reflexão geral sobre o acesso ao conhecimento no mundo de amanhã. A Comissão recomenda:
  • diversificação e aprimoramento do ensino a distância, pelo recurso às novas tecnologias;
  • crescente utilização dessas tecnologias no âmbito da educação de adultos, em particular, para a formação contínua de professores;
  • fortalecimento das infraestruturas e capacidades dos países em desenvolvimento, assim como a divulgação das tecnologias por toda a sociedade: trata-­se, de qualquer maneira, de condições prévias à sua utilização no âmbito dos sistemas educacionais formais;
  • lançamento de programas de divulgação das novas tecnologias sob os auspícios da UNESCO.

Capítulo 9. A cooperação internacional: educar a aldeia global

  • A necessidade de uma cooperação internacional – que deve ser repen­sada radicalmente – é válida também para a área da educação; trata­-se de uma questão que implica não só os responsáveis pelas políticas educativas e os professores, mas também todos os atores da vida coletiva.
  • No plano da cooperação internacional, promover uma política que sirva de forte incentivo em favor da educação das moças e mulheres, de acordo com o espírito da Conferência de Beijing (1995).
  • Modificar a orientação da política de assistência para uma perspectiva de parceria, ao favorecer, especialmente, a cooperação e o intercâmbio no âmago de grupos regionais.
  • Alocar à educação um financiamento correspondente a 25% da ajuda destinada ao desenvolvimento.
  • Incentivar a conversão de dívidas, a fim de compensar os efeitos negativos – sobre as despesas com a educação – das políticas de ajuste e de redução de déficits interno e externo.
  • Ajudar no fortalecimento dos sistemas educacionais nacionais ao enco­rajar as alianças e a cooperação entre os ministérios em nível regional, e entre países que enfrentam problemas semelhantes.
  • Ajudar os países a enfatizar a dimensão internacional do ensino minis­trado (programas de estudo, recurso às tecnologias da informação,cooperação internacional).
  • Incrementar novas parcerias entre as instituições internacionais que se dedicam à educação, lançando, por exemplo, um projeto internacional que tenha o objetivo de divulgar e implementar o conceito de educação ao longo da vida, a partir do modelo de iniciativa interinstitucional que culminou na Conferência de Jomtien.
  • Estimular – em particular, pela criação de indicadores adequados – a coleta em escala internacional de dados relativos aos investimentos nacio­nais na educação: soma total dos fundos privados, dos investimentos do setor industrial, das despesas com a educação não formal etc.
  • Constituir um conjunto de indicadores destinados a detectar as disfunções mais graves dos sistemas educacionais, relacionando, por exemplo, diversos dados quantitativos e qualitativos: nível de despesas com a educação, taxa de desperdício, desigualdades de acesso, falta de eficácia dos diferentes setores do sistema, deficiente qualidade de ensino, condição dos docentes etc.
  • De acordo com uma iniciativa de prospecção, criar um observatório UNESCO das novas tecnologias da informação, de sua evolução e de seu impacto previsível, não só sobre os sistemas educacionais, mas também sobre as sociedades modernas.
  • Incentivar, por intermédio da UNESCO, a cooperação intelectual na área da educação: Cátedras UNESCO, Escolas Associadas, partilha equitativa do saber entre países, divulgação das tecnologias da infor­mação, intercâmbio de estudantes e de pesquisadores.
  • Fortalecer a ação normativa da UNESCO a serviço de seus Estados-Membros, por exemplo, no que diz respeito à harmonização das legislações nacionais com os instrumentos internacionais.

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